"Well, look who showed up, I grew tired of waiting".
What is this place?
This is just a room in the infinitely big house of the internet. Made real by a desire to create and connect that can only be fueled by your presence, so... Thank you for being here :)
Affirmations
My current favorite affirmation, might as well be just hearing the (beautiful) song '13th Century Metal' from Brittany Howard, from where most of it was taken:
"I promisse to think before I speak, and to dedicate my spirit in the service of what is good and fair and righteous.
Everyday I am alive, I am aware of myself, of my capability to love and to become that what I admire most in others, I am nonviolent, I am a master student and my spirit will never be stomped out".
The beauty of circle thinking
Do you have a favorite album? I'd love to know which one yours may be, mine is 'Circle Thinking'. It was released ten years ago, in 2015, by the band that hates a lot of things, 'I Hate Sex'. This album populated internet discourse for a while and became one of the references to when people talk about screamo/emocore. It's a deeply emotional album, and IMO most of it's capcity of expressing feelings come from their singer, Nicole Boychuk vocals make such a good job in portraying anxiety-driven anger, spite, almost-fear, and borderline sadness, as an empath (/j) whenever i hear their singing I can't really help but sing along, it's truly magical. Another great surprise that i can point to is the shiny open C tunning used by the guitar in most of the songs, enabling really catchy arpeggios followed by strong statements in power chords throughout (my favorite songs) 'I Hate Sports' and 'San Francisco'. Also, is such a fun album to play, if you enjoy it as much as I do, I encourage you to go take a guitar and try to play it yourself :)).
Thematically wise, 'Circle Thinking' it's an album that carries many forms of feelings in it's beautifully written lyrics, the most proheminent one may be grief. Grief it's the first word that appears in the album, and yet it's presence is made clear even before the name first appears, conjured in the shy initial guitar intro that sound almost like fading good memories of someone that it's no longer in your life, trying desesperately to cling to something, reoccurring and reappering despite of your will to forget it all together. These good memories are also present in the second song 'I Hate Sports' a more energetic, almost happy song, trying vainly and mightily to find hope in the past while confronted by the imminent incapability of finding it in the future without this person, this can be summed basically in the two lines of the second verse "You make me feel like a bug that has lived a full life // like a bee who's never had to sacrifice it's stinger". In failing to find hope anywhere in the past or in the recently lost futures, the starting scene of the third song 'San Francisco' could be that of a funeral, a hole in the ground for the disposal of your deceased feelings, a way to find closure, to start over and move on, followed by the haunting realization that you will not, in fact, get rid of it so easilly. Well, it would be too convenient to get rid of years of choices and memories in a 20 minute ritual, thruth is that itgrief it's haunting feeling, you will still find fragments of people in your everyday habits, in the things you learn from them, in the plans you made together and now put in pratice alone, being confronted by those parts of yourself in the mirror can be the main way in which grief make itself seen.
All this haunting, re-ocurring feelings, and the innability of letting go are also well-represented towards the end of the album, when the image of this person now appears more lively in a way that almost make you ache physically, and makes your skin hot and itchy, confused by what's real and what's not, like at the start of a panic attack. These scenes are lived in the descriptions of dreams and memories of the songs 'Sleep Paralysis' and 'Happy 'Anniversary', respectively. The album ends itself in a quasi-melancholic song, 'You + Me = Slipknot' works as a breakup timeline, a reliving of key events that took this relationship to an end, identifying the selfishness that stole the colors of the world, and made every day like sunday.
If this reads like a story more than an album review it's mainly because the album allows this kind of read, It all feels very cohesive in every way, I can't help but look to it as a bigger picture. Some music is best experienced with headphones, and this is one of these cases, if you can, put on your best headphone on and give it a listen, I hope you will like it.
"Para compreender-me, destruí-me": Notas sobre Fernando Pessoa, Autosabotagem e Clube da Luta
Fernando Pessoa foi um dos primeiros autores de poesia que me encantou, ainda me lembro do meu primeiro contato com "Tabacaria" e com o título de "Para compreender-me, destruí-me", que na ocasião estava traduzido livremente ao inglês, "In order to understand, I had to destroy myself". Se tivesse que explicar esse encanto, diria que vai além de suas obras, alem dos sons bonitos reproduzidos nas bocas que as leem, e dos significado destes sons que ressoam como as palavras exatas para toda ocasião que descrevem, impossíveis de serem substítuidos por quaisquer outros barulhos. Digo, porquê é um encanto pela própria (P)pessoa (haha) que trouxe a vida essas palavras, que em busca de se encontrar, se destruiu, mas que também se criou varias vezes, em outros heterônimos. Um homem que não satisfeito em criar apenas poemas, criou poetas inteiros.
Ou, como a auto-destruição é um rito para se autointitular digno
Em uma outra página, talvez você, também entenda, e ate venha a apreciar, de uma outra maneira o apelo do título "Para compreender-me, destruí-me". Falo do lugar que a autodestruição ou a autosabotagem ocupam como rito para "se tornar homem", em alguns cantos da sociedade (vide o mais recente caso do mundo evangelico hipermasculinista, os legendários). Como um grupo de pessoas pode ser persuadidas a se colocar em uma situação degradante, forçados a aguentar situações em que ninguém quer estar pela promessa de uma metamorfose, de sair dali um verdadeiro homem.
Não é coincidência o lugar de referência que o aclamado filme 'Clube da Luta' ocupa no imaginário masculino, não me entenda errado é um filme ótimo, mais do que um bom filme é também um fenômeno que faz pessoas de todo o canto da internet apontarem pra imagens do Tyler Durden e dizerem "ele é literalmente eu". Como pessoa que cresceu hominho eu não sou imune a propaganda, eu sei que o que faz muitas dessas pessoas usarem a figura do Tyler como referência quase sempre começa ou passa por essa cena:
No filme, grupos de homens buscam uma maneira para lidar com a falta de emoção, afeto e propósito sistemáticos de suas vidas, e encontram isso em encontros para trocar socos, 5 minutinhos sem perder a amizade™, explosões de sentimentos encontrados em comportamentos impulsivos, toda essa energia canalizada em atividades que só buscam se justificar como sendo o mais perto possível de sentir algo de verdade, o mais perto que o mundo tem a oferecer de uma jornada de auto-conhecimento a uma juventude perdida, como diz o próprio Tyler Durden: "o quanto é que você pode saber sobre si mesmo se nunca esteve em uma briga?".
Entendo o apelo, eu já tive 20 anos me encontrei muitas vezes em situações comprometedoras que eu mesmo criei, lutando brigas por motivo nenhum e colocando fogo em lugares só pelo resultado de emoção ardente. Então, a mensagem do filme seria que homens precisam de impulsividade e violência para lidar com seus problemas sociais no modo de produção vigente™? Eu não acho que é só isso, em verdade, trocar socos com estranhos não foi algo terapeutico na minha experiência e só me ensinou que a dor de um soco no estômago não é muito desejável. Essas promessas de catarse nós são ensinadas por outros homens que querem nós convencer de sua maneira pseudo-revolucionária de viver, e tendem a cair aquém das expectativas geradas pelas suas promessas. Claro que falo pela minha experiência e não é porquê eu não me encontrei nesses processos que outras pessoas também não vão, pode-se sentir vivo fazendo muitas coisas e, argumentavelmente, a verdadeira questão que o filme propõe é: "O que é que você realmente quer fazer?", quando nínguem está olhando, longe de qualquer senso comum. Encontrar (ou criar) o seu próprio clube como um chamado que se descobre de dentro pra fora, e não que se aceita para substituir rituais de outrora, afinal, buscar "O MOMENTO" que vai finalmente te fazer ser adulto pode te levar a agir como criança pra sempre.